segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Isolamento das cidades


O isolamento das cidades, tema que surgiu este fim-de-semana durante uma visita na Fundação de Serralves à exposição de Alberto Carneiro, onde o seu trabalho nos ensoberbece. Ao mostrar algumas imagens (na biblioteca de Serralves), de Vilar de Paraíso rural (1973) e com construções agrícolas (palheiros de cana de milho), recordou-me um tema que surgia muitas vezes em conversa entre amigos com uns cigarros e uns copos de vinho à mistura. A esta hora pensam …qual a ligação? Pois o meu cérebro funciona assim... a ruralidade, é também ela, uma forma de isolamento com preservação de um modo de vida. Eu que sou de uma vila da região centro, e ai vivi a minha infância, senti o que é ser do interior (nota: nada comparável ao interior isolado Português, pois esta vila até é central e ladeada por duas cidades, com muitos residentes a viver o dia a dia e a trabalhar nestas cidades. Ao me deslocar para Coimbra e mais tarde para o Porto a minha ruralidade de vez em quando lá se mostra (umas vezes com orgulho, outras vezes nem tanto). Mas o que me chocou nestas cidades que ia descobrindo, foi a “ruralidade” dos grandes centros, não estou a falar do facto de a grande maioria dos dois grandes centros populacionais Portugueses resultar dos fluxos migratórios transmontanos (Porto), ou beirões/alentejanos (Lisboa), não, não esse tipo de ruralidade. Mas sim o Isolamento (tipicamente visível das zonas rurais), isolamento existente nestas cidades que apesar dos meios disponíveis, nomeadamente vias rápidas, transportes públicos e.t.c., as pessoas desconhecem aquilo que se passa, ou que está a 10 a 15 km. O choque ao ver pessoas se isolam no seu bairro, mesmo existindo uma rede e um pulsar à sua volta. Não estou a falar de velhinhos, mas sim de pessoas da minha idade, (ok, deixo o julgamento das palavras anteriores aos leitores que me conhecem) e mais novos ainda. Este isolamento causa em mim estranheza, no entanto muitas da vezes talvez entenda, nunca tiveram de “sair” nunca tiveram para procurar novos caminhos, e assim estes foram-se fechando à sua volta deixando de ser linhas e estradas que se perdem no horizonte mas sim rotundas onde não existem saídas mas todos conseguem ver o monumento que existe no centro, monumento esse que adoram não sabendo que existem outros…