O isolamento das cidades, tema
que surgiu este fim-de-semana durante uma visita na Fundação de Serralves à exposição de Alberto Carneiro, onde o seu
trabalho nos ensoberbece. Ao mostrar algumas imagens (na biblioteca de Serralves),
de Vilar de Paraíso rural (1973) e com construções agrícolas (palheiros de cana
de milho), recordou-me um tema que
surgia muitas vezes em conversa entre amigos com uns cigarros e uns copos de
vinho à mistura. A esta hora pensam …qual a ligação? Pois o meu cérebro
funciona assim... a ruralidade, é também ela, uma forma de isolamento
com preservação de um modo de vida. Eu que sou de uma vila da região centro, e
ai vivi a minha infância, senti o que é ser do interior (nota: nada comparável ao
interior isolado Português, pois esta vila até é central e ladeada por duas
cidades, com muitos residentes a viver o dia a dia e a trabalhar nestas cidades.
Ao me deslocar para Coimbra e mais tarde para o Porto a minha ruralidade de vez
em quando lá se mostra (umas vezes com orgulho, outras vezes nem tanto). Mas o que
me chocou nestas cidades que ia descobrindo, foi a “ruralidade” dos grandes
centros, não estou a falar do facto de a grande maioria dos dois grandes
centros populacionais Portugueses resultar dos fluxos migratórios transmontanos
(Porto), ou beirões/alentejanos (Lisboa), não, não esse tipo de ruralidade. Mas
sim o Isolamento (tipicamente visível das zonas rurais), isolamento existente nestas
cidades que apesar dos meios disponíveis, nomeadamente vias rápidas,
transportes públicos e.t.c., as pessoas desconhecem aquilo que se passa, ou que
está a 10 a 15 km. O choque ao ver pessoas se isolam no seu bairro, mesmo
existindo uma rede e um pulsar à sua volta. Não estou a falar de velhinhos, mas
sim de pessoas da minha idade, (ok, deixo o julgamento das palavras anteriores
aos leitores que me conhecem) e mais novos ainda. Este isolamento causa em mim
estranheza, no entanto muitas da vezes talvez entenda, nunca tiveram de “sair” nunca
tiveram para procurar novos caminhos, e assim estes foram-se fechando à sua
volta deixando de ser linhas e estradas que se perdem no horizonte mas sim rotundas onde não existem saídas mas todos conseguem
ver o monumento que existe no centro, monumento esse que adoram não sabendo que
existem outros…
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